sexta-feira, 21 de setembro de 2007

aconselhamento genético em distrofias musculares

Aconselhamento Genético em Distrofias Musculares

Distrofia muscular do tipo Duchenne (DMD) e do tipo Becker
A distrofia muscular do tipo Duchenne e a distrofia do tipo Becker são doenças neuromusculares que se caracterizam por um processo de degeneração muscular progressiva. Mutações no gene da distrofina (gene DMD — sigla de Duchenne Muscular Distrophy), localizado no cromossomo X (região Xp21), são responsáveis pelos quadros clínicos. A perda (deleção de DNA) de diferentes segmentos desse gene é a causa da doença em aproximadamente 65% dos casos. Nos casos restantes, ocorre uma alteração pequena na seqüência do gene, chamada de mutação de ponto.
O padrão de herança é recessivo ligado ao cromossomo X e, portanto, só os indivíduos do sexo masculino manifestam a doença. As mulheres portadoras de mutação no gene DMD são clinicamente normais, mas transmitem essa mutação para sua prole. Cerca de 1/3 dos casos são originados por mutações novas enquanto que em 2/3 deles o alelo mutado do gene é herdado da mãe, que é portadora assintomática (não possui os sintomas da doença) da mutação. As mulheres portadoras têm um risco de 50% de transmitir o gene mutado para a sua prole: 50% dos filhos podem ser afetados e 50% das filhas, portadoras. No caso da distrofia do tipo Duchenne, os afetados não se reproduzem.
O diagnóstico da distrofia muscular dos tipos Duchenne e Becker baseia-se no quadro clínico do paciente, na história familiar e nos seguintes exames complementares:
— dosagem dos níveis sangüíneos da enzima Creatinofosfoquinase (CK), que se encontram sempre muito elevados na distrofia muscular;

— exame de DNA para pesquisa de deleção no gene da distrofina (presente em ~65% pacientes);

— biópsia muscular para o estudo qualitativo e quantitativo da proteína distrofina no músculo do paciente, especialmente indicada nos casos em que o exame de DNA não identifica deleção, quando não houver história familiar de herança ligada ao X ou em são casos isolados e nas fases iniciais da doença para o diagnóstico diferencial entre Duchenne e Becker.
A proteína distrofina é estudada através de técnica de imunofluorescência e western blot, utilizando anticorpos para domínios diferentes da proteína. A deficiência total da distrofina é sugestiva de Duchenne e a deficiência parcial, de Becker.
O exame molecular consiste em analisar os 18 éxons (segmentos ou partes da seqüência codificadora de um gene) mais freqüentemente deletados, o que permite identificar 98% das deleções do gene. A realização do teste molecular é importante para a confirmação do diagnóstico clínico e é fundamental para a estimativa precisa dos riscos de repetição na futura prole dos pais ou parentes do afetado. Uma vez detectada uma deleção (perda de DNA) no afetado da família, pode-se identificar quais mulheres da família são portadoras da deleção. As mulheres portadoras têm um risco de 50% de transmitir o gene mutado para a sua prole: 50% dos filhos podem ser afetados e 50% das filhas portadoras assintomáticas.
Quando não se detecta a deleção no afetado, pode-se verificar qual o cromossomo X que é portador do gene na família, realizando-se análise de segregação com marcadores de DNA localizados dentro do gene da distrofina. Para esse estudo é necessário, além do DNA do afetado, o DNA de seus familiares. É fundamental levantar informações acerca da genealogia antes da coleta de sangue. O resultado final é baseado nos resultados do teste molecular das pessoas examinadas e dados da genealogia.


Centro de Estudo do Genoma Humano
http://genoma.ib.usp.br/aconselhamento/condicoes-distrofia_duchenne-becker.php

Colaboração: Camila Sotello